Boa noite a todos. Saúdo as autoridades que nos honram com suas presenças, aos senhores e senhoras de igual modo que se encontram aqui nesta solenidade, e em especial aos meus colegas de labuta missionaria da medicina.

Inicialmente, senhores, ao reflexionar sobre as palavras que me cabem expressar nesta noite, me veio à mente algo muito tradicional, porém tão verdadeiro e atual no momento em que vivemos, o juramento de Hipócrates, Pai da Medicina, que no seu bojo não espelha só a profissão médica, mas expõem à superfície a alma do médico vocacionado. Portanto senhores, antes de tudo vamos relembrar aqui, e eu destaco parte do juramento hipocrático: “ – Eu prometo solenemente consagrar minha vida ao serviço da humanidade, a saúde e o bem estar de meu paciente serão minhas primeiras preocupações.

– Eu prometo que guardarei o máximo respeito pela vida, fomentarei a honra e as nobres tradições da profissão médica.

Senhores, em tempos de pandemia o serviço da medicina em favor da população, primando pela vida e bem estar das pessoas, é termômetro da importância dada pela maior parte da sociedade aos profissionais da saúde.

Se é fato que os hospitais de campanha foram criados para receberem os infectados de COVID-19, que leitos foram originados, aparelhagens foram montadas para suporte de tratamento, é fato também que no maior patamar desta cadeia existe lá um médico e sua equipe de saúde enfrentando o desafio da mantença e recuperação do bem maior que é a vida humana.

Neste período desafiador, desde os primeiros casos de infecções por SARS-CoV-2, a classe médica não fugiu a luta, estando na linha de frente de um vírus que pouco ou nada se conhecia na prática, e em meio a essa batalha, a medicina humanizada não foi posta de lado.

Os médicos, representados pelos aqui presentes, como os demais profissionais de saúde são professores da lição de dedicação e comprometimento diário no plantão permanente pela vida. Isso reforça a importância dessa profissão a uma sociedade.

Porém, não se pode olvidar que a valoração do trabalho da equipe de saúde fica mais latente aos olhos nus da coletividade na existência de endemias e pandemias. Entretanto, sabemos também que nos gestos de nossos pacientes por toda nossa vida médica, existe a certeza do agradecimento pela cura de outras doenças, e pela reabilitação, ou pelo menos pela busca incessante das duas. Pois para isso, nós nos fizemos médicos. Que a valoração da classe médica, não seja vista pelo retrovisor quando essa pandemia passar, pois na viagem da vida, nós, juramos cuidar da saúde da humanidade

 

Mas os médicos também adoeceram em razão da pandemia, muitos partiram, deixaram este convívio, dentre eles o nosso querido amigo e ex presidente Dr Antonio Jorge Ferreira da Silva. As dores e perdas vividas de perto nas UBS, UPAS, Hospitais e UTIs por estes profissionais de saúde são imensuráveis, criando em nosso seio algo além do nosso limite físico e psicológico. Se fazendo necessário portanto, o suporte psicológico às equipes que atuam no enfretamento da COVID-19, porque os horrores de consequências que esse vírus traz em sua forma grave da doença, é tão drástico ao corpo do paciente quanto aos olhos e a memória dos médicos e de toda a equipe que ali atuaram, adoecendo o emocional de alguns que precisam se afastar, pois não há o suporte psicológico preventivo. Nós, somos médicos da raça humana, quem dera super-heróis inabaláveis e inatingíveis, isso nós não somos!

Precisamos ser vistos, ouvidos, entendidos e atendidos em nossas necessidades como médicos. Ultrapassando as paredes dos consultórios particulares e clínicas privadas, lastimavelmente o que observamos em nossa vivência na saúde pública é a precariedade de variante nas UBS, UPAS, Pronto Socorros e Hospitais. Não se pode vivenciar a medicina de forma minguada, não se pode dormitar numa inércia diante de falta de tecnologia, limitação ou ausência de insumos, equipamentos, instrumentos e

espaços físicos inadequados ao bom e fiel desempenho da profissão. Pedimos para sermos ouvidos! Porque se por um lado somos incansáveis no desempenho de nossas atividades, por  outro, desafiamos todos os dias a precariedade que nos ronda, mas a todo custo nos colocamos a disposição da população para amenizar as mazelas e sofrimentos do humano.

Por derradeiro, mais não menos importante, frise se aqui, a valoração da equipe multiprofissional, configurando o trabalho coletivo na interação dos agentes de saúde, focados no mesmo objetivo que nossa classe. Assim, a doença é considerada como um todo, com abordagem mais humanizada, mais ampla e eficiente, havendo o aprimoramento dos serviços de saúde. Isto tudo, traz resultados e experiência positiva ao paciente.

Diante de tudo que aqui foi dito, nossa missão jamais poderia ser outra, se não o de respeito à classe médica por todas as instituições e órgãos. Desta causa jamais abriremos mão. O respeito é nossa história, a história da medicina que se inicia no mundo ocidental no ano V. a.c. Para nós o respeito a nossa profissão é palavra de ordem.

O médico é o viajante que pode estar com qualquer pessoa na viagem da vida, tentando sempre a mantença da mesma através da cura!

Em tempo, agradeço a presença de todos, nesta memorável noite, obrigada.

 

Dra. Tereza Cristina de Brito Azevedo

Presidente do CRM/PA

 

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