Sex, 16 de Novembro de 2018 15:22
 

Principais entidades médicas do Brasil elegeram novembro como o mês de conscientização sobre a doença

No Brasil, o câncer de próstata é a neoplasia sólida mais comum e a segunda maior causa de óbito oncológico no sexo masculino. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que estima 68.220 casos novos para cada ano do biênio 2018-2019. Em termos mundiais, ocupa a segunda posição entre as neoplasias malignas que mais acometem o sexo masculino, atrás apenas do câncer de pulmão.

Para dar visibilidade ao tema, chamar atenção do homem para o cuidado com a sua saúde e estimular o rastreamento e o diagnóstico precoce, as principais entidades médicas do Brasil elegeram novembro como o mês de conscientização sobre o câncer de próstata.

“O homem, normalmente menos afeito a zelar por sua saúde, tem no novembro azul a oportunidade de despertar para uma questão crucial: por que doenças evitáveis, ou no mínimo controláveis, continuam molestando-o?”, questiona o urologista Lúcio Flávio Gonzaga Silva.

Gonzaga Silva, que também é conselheiro federal, aponta que, nos Estados Unidos, a mortalidade específica por câncer de próstata reduziu cerca de 50% a partir do final da década de 1980 com a instituição, de maneira disseminada, naquele País, de programas de rastreamento e de prevenção secundária com PSA e toque retal.

Para o conselheiro, o dado é ainda mais relevante se considerarmos que houve redução muito importante também nesse período na mortalidade cardiovascular. “O homem está vivendo mais e morrendo mais tarde de doença cardiovascular, então o que se esperaria para essa neoplasia da próstata que ocorre em idade mais avançada em geral, seria o aumento a mortalidade, mas aconteceu o contrário”, diz, para enfatizar o potencial que o rastreamento tem de reduzir a mortalidade.

No Brasil, dados mais recentes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde (MS), apontam 14.926 mortes em 2016 causadas pela doença. Na última década, foram vitimados 132.477 homens brasileiros – 94,93% deles acima dos 60 anos (segundo o SIM).

De fato, conforme mostram as pesquisas sobre o tema, tanto a incidência como a mortalidade aumentam após os 50 anos. “Muitas vezes, a doença é indolente, progride ao longo de muitas décadas e não leva à morte na maior parte dos casos, no entanto alguns tumores são mais agressivos, podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo ser fatais”, explica Lúcio Flávio, salientando que pacientes portadores de tumores classificados como de risco de progressão alto ou moderado podem, em fases iniciais, ser adequadamente tratados e curados.

Individualização da abordagem é o caminho

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) está promovendo a campanha “Seja herói da sua saúde” para falar sobre o câncer de próstata. A entidade lembra que, apesar dos avanços terapêuticos, cerca de 25% dos pacientes com câncer de próstata ainda morrem devido à doença.

Políticas de rastreamento da doença e maior conscientização da população masculina nas últimas décadas causaram um declínio importante dos diagnósticos em estágios avançados, mas este tipo de diagnóstico ainda acomete cerca de 20% dos pacientes.

De acordo com o conselheiro do CFM, Lúcio Flávio, pesquisas indicam que o rastreamento é altamente efetivo em reduzir a mortalidade específica por câncer de próstata. A ciência também está evoluindo em vários parâmetros que podem melhorar a indicação da biópsia, além de outras abordagens como desvincular o diagnóstico do tratamento, customizar o rastreamento para aqueles que mais se beneficiarão dele e individualizar os tratamentos e as consultas médicas. “Marcadores prognósticos e preditivos irão auxiliar nessa mudança de panorama. O que cabe a nós é diferenciar as neoplasias, estabelecer quais acompanhar e quais tratar agressivamente para reduzir a mortalidade”, explica.

Em nota, a SBU reforça a ideia de individualizar a abordagem. “O rastreamento universal de toda população masculina (sem considerar idade, raça e história familiar) apresenta controvérsias, pois pode diagnosticar, entre outros, câncer de próstata de baixa agressividade, que não necessita de tratamento, cujos pacientes são submetidos a biópsias, que têm potencial de complicações (infecção local), e, eventualmente, tratamentos radicais com potencial impacto na qualidade de vida”, diz o documento, publicado em setembro deste ano.

A SBU mantém sua recomendação de que homens a partir de 50 anos devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada. Aqueles da raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente. Após os 75 anos, poderá ser realizado apenas para aqueles com expectativa de vida acima de 10 anos.

Saiba mais: http://portaldaurologia.org.br/novembro-azul/

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